I GUERRA MUNDIAL
Entre 1914 e 1945 o Mundo deparou-se com vários conflitos que tiveram bastantes repercursões políticas e económicas durante o século XX em praticamente todos os cantos do planeta. Entre guerras civis e revoluções, a I e a II Guerra Mundial marcaram toda a história da Humanidade, para sempre.
O primeiro grande conflito, que aconteceu entre 1914 e 1918, ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo e Estados Unidos) e a coligação formada pelas potências centrais da Europa da altura e que acabaram por sair derrotadas (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otamano). No final, esta guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente.
Mas é importante perceber as motivações que estiveram na origem desta Grande Guerra. No final do século XIX as nações europeias passaram a investir em grande escala no fabrico e produção de armamentos. Este investimento gerou insegurança e um aumento de tensão entre os países europeus. Diante da possibilidade de um conflito armado na região, os investimentos militares continuaram a aumentar. Por outro lado, a partilha das terras de África e Ásia na segunda metade do século XIX também foi responsável por vários desentendimentos entre as nações europeias. Isto porque, por exemplo, enquanto que a Inglaterra e a França ficaram com grandes territórios com muitos recursos para explorar, a Alemanha e a Itália tiveram que se contentar com poucos territórios e de baixo valor. Estes dois factores aliados à concorrência económica entre os países europeus impulsionaram e acabaram, então, por despoletar a Primeira Grande Guerra Mundial.
No entanto, estas condições são apenas outras causas. É fácil compreender que, a partir do momento em que são formadas alianças entre alguns países, a paz sentida passa a ser uma paz armada, em que a corrida aos armamentos é provocada e qualquer incidente poderia desencadear um conflito de dimensões incalculáveis. Foi o que aconteceu.
Oficialmente, esta guerra teve início no dia 28 de Julho de 1914, na sequência do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, durante um atentado em Saravejo, Bósnia, organizado por nacionalistas da Sérvia. A morte do arquiduque e da sua esposa, e a certeza de que a Alemanha os apoiava, deu aos austríacos os pretextos necessários para invadir a Sérvia. Depois destes acontecimentos, países como a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Rússia, a Bélgica ou o Japão, entraram na guerra pelas alianças que estavam em vigor. E assim começaram quatro anos seguidos de destruição e mortes, deixando marcas bem patentes na sociedade europeia.
A I Guerra Mundial pode ser dividida em várias fases. Primeiro, este conflito caracterizou-se pela ilusão dos alemães em pensarem que poderiam dominar a França e uma boa parte da Europa em poucas semanas e, por outro lado, a ilusão da grande parte dos países que acreditavam que a guerra seria breve. Uma outra fase que marcou a guerra foi a chamada “Guerra das Trincheiras”. Esta ficou caracterizada por uma dureza indescritível. Só no ano de 1916 houve 2 tentativas de romper a frente de batalha e, juntas, custaram a vida a quase 2 milhões de soldados. Outro acontecimento importante foi a entrada dos Estados Unidos, em 1917, na guerra, deixando de se limitar ao fornecimento de armamento às suas tropas aliadas. E, quatro anos mais tarde, a Julho de 1918, numa ofensiva decisiva, os Aliados venceram, com a (grande) ajuda dos EUA- trouxeram mais de um milhão de soldados bem equipados e preparados para a Europa. A Alemanha, que progressivamente foi abandonada por todos os seus parceiros e a viver uma situação económica dramática, desistiu.
Mas, para além das alterações no mapa político e de importantes mudanças de carácter social, a Grande Guerra teve consequências demográficas e económicas profundas neste nosso mundo ocidental. Além dos mais de 19 milhões de mortes registadas, a Europa foi bastante atingida em termos materiais, algumas regiões ficaram mesmo em ruínas. Isto, obviamente, teve repercursões económicas.
No entanto, mesmo com o término desta batalha, as rivalidades continuaram a agravar-se ao longo do tempo, principalmente por culpa dos acordos assinados no fim dos conflitos da I Guerra Mundial. A imposição de multas e sanções extremamente pesadas, o desequilíbrio político e económico sentido, especialmente na Itália e na Alemanha, tornaram o conceito de paz com muito pouco significado. Os países europeus não conseguiam impor os seus interesses e a recém criada Sociedade das Nações não conseguiu cumprir o seu papel. Para agravar a situação, em 1929 o capitalismo caiu com o grande crash da bolsa. Frustrados e com vontade de recuperar tudo o que perderam, a Itália, a Alemanha e o Japão formam uma nova conjuntura política - as potências do Eixo - e a tão desejada paz começava a desvanecer-se. O ano de 1939 viria a ser o recomeço de uma guerra que, afinal, nunca havia terminado. •
II GUERRA MUNDIAL
A Grande Depressão havia, de facto, mergulhado o Mundo numa forte crise económica e contribuído para o crescimento de regimes autoritários. A par disso, as condições do Tratado de Versalhes (ver caixa) impuseram regras vergonhosas para a Alemanha, derrotada na I Guerra Mundial, e fizeram crescer o espírito nacionalista, mais uma vez. Adolf Hitler acabou por se tornar o rosto fiel deste movimento. Hitler e os seguidores nazistas queriam recuperar e criar uma sociedade cimentada na raça ariana, eliminando algumas alegadas minorias da altura, como os judeus, os ciganos, os deficientes físicos e os homossexuais. Durante o conflito, os campos de concentração foram sendo povoados de deportados, com os quais os médicos da organização militar do Partido Nazi Alemão faziam experiências. Este conflito voltou a envolver os Aliados e as recém-formadas Potências do Eixo.
Um dos principais confrontos desta guerra foi o ataque pelos japoneses à esquadra norte-americana do Pacífico, a Pearl Harbour. Foi este ataque que forçou a entrada dos EUA no conflito. A partir deste momento a Guerra do Pacífico estava oficialmente “aberta”.
Outro dos confrontos mais importantes foi o denominado “Queda de Roma”: Mussolini, que foi esmagado em África e na Europa, ainda tentou fugir quando a Itália foi invadida. Mas, a 4 de Junho de 1944, os Aliados entraram em Roma e tomaram posse da primeira capital europeia a ser libertada do domínio nazi.
Já perto da recta final, em 1945, ao contrário do que os germânicos esperavam, as atenções dos russos voltaram-se para Berlim, sob o comando do general Zhukov, que havia dado a seguinte e célebre ordem aos seus soldados: “Soldado soviético, vinga-te! Comporta--te de tal maneira que não só os alemães de hoje, mas os seus longínquos descendentes tremam ao lembrar-se de ti!”. A 22 de Abril de 1945 a sua tropa entrou em Berlim e, em 10 dias, a cidade cedeu. Quando a BBC interrompeu a emissão para dar a notícia “Berlim caiu!”, a Alemanha tinha, mais uma vez, fracassado. Mas não por completo.
Em 1945, numa decisão polémica e com o objectivo de encurtar o período de guerra, os Estados Unidos lançaram, sobre alvos civis, duas bombas atómicas: a 6 de Agosto em Hiroxima, e a 9 de Agosto em Nagasaki (o que levou à capitulação do Japão).
Para traçar cenários pós-guerra, Churchill, Estaline e Roosevelt reuniram-se e fizeram projectos de divisão da Alemanha em quatro zonas e aprovou-se a criação da Organização das Nações Unidas, em substituição da fracassada Sociedade das Nações. Entre 1945 e 1946 também se julgaram vários líderes nazis por violentos crimes de guerra. Outros responsáveis por genocídio continuariam a ser perseguidos por crimes contra a Humanidade. Este foi, sem dúvida alguma, o conflito mais sangrento da História. Cerca de 50 milhões de pessoas morreram durante esta guerra. Foi uma guerra de dimensões incrivelmente assustadoras e que continua a ter repercursões na vida de muitas pessoas, hoje em dia. Pessoas que testemunharam alguns dos mais assustadores tempos de guerra, pessoas que regressaram marcadas fisicamente e psicologicamente, famílias que perderam ente queridos, nações que acrescentaram à sua história a culpa e a responsabilidade pela morte de milhares e milhares de civis inocentes. Estas são marcas ainda hoje presentes na nossa sociedade. A Alemanha, país impulsionador das duas Grandes Guerras, é hoje uma grande potência mundial e continua ensombrada culturalmente pelos seus feitos passados. A sua cultura ainda tem marcas nazis, embora que numa escala muito mais pequena, e os marcos históricos nas grandes cidades são imensos.